terça-feira, 17 de maio de 2011

Flexibilizar mentes...

Que bom que é perder-me nestas linhas desta revolução! Enquanto leio vou-me sentindo menos sozinha e há coisas que se vão tornando mais organizadas na minha cabeça.

Com o nascimento do pequenino foi nascendo em mim uma angústia que aumentava à medida que a data de regressar ao trabalho se aproximava. As respostas sociais não me agradam. A ausência não me satisfaz, não por qualquer sentimento de posse, mas sim porque considero que é fundamental a relação precoce mãe/pai-bebé. A gestão do tempo antevia-a como um factor de stress e não como uma gestão fácil. Por tudo isto, cheguei a sonhar criar um negócio próprio. Um negócio que espelhasse também aquilo que são as minhas preocupações. Assim, sonhei abrir um espaço destinado aos bebés e aos papás, com serviços especializados e especiais, desde uma mini-mini-mini creche a workshops. Com este sonho, garantia a proximidade com o pequenino e dava asas a um projeto pessoal. Mas o sonho foi assombrado pela crise e testado pela oportunidade de um novo trabalho pelo qual também tanto tinha sonhado. Assim, eis-me aqui, peça deste mercado de trabalho!
Agora que me movo nesta quase selva, peço primeiro que haja lugar para o cumprimento das leis. Estamos num país com óptimas leis mas com pouca execução das mesmas. Mas para que tal aconteça, há que ir mais longe...é necessário flexibilizar mentes! Flexibilizar as mentes de quem "manda", donos do poder e que necessitam de sentir o controlo de quem trabalha, temendo ser flexíveis porque tal pode significar perder o comando. Flexibilizar as mentes dos colegas que olham para o relógio quando saímos à nossa hora, condenando-nos como se a hora do relógio fosse indicador da qualidade do trabalho. Flexibilizar as mentes que olham de lado para o pai que "goza os seus direitos" como se ele se estivesse a aproveitar do filho para não trabalhar. Flexibilizar as mentes da sociedade em geral, presa à quantidade e não à qualidade, desordenada e desorganizada na forma como planifica e executa os trabalhos, desaproveitando recursos e fixando-se a burocracias desnecessárias.
Confesso-me vítima destas mentes inflexíveis, dando por mim a culpabilizar-me por entrar e sair à hora e a equacionar prolongar o meu pedido de dispensa de horário para amamentação, como se fosse má trabalhadora. Tenho-me libertado destas amarras lentamente e é bom ser livre delas. Daí o meu apelo à flexibilização das mentes...
Ah! E um aspecto prático...voto a favor da existência de um verdadeiro banco de horas...isso sim a mim dava geito!
Por último, deixem-me dizer que esta flexibilização de mentes está a ganhar corpo neste movimento e é aqui e assim que se começam a desenhar as mudanças!


Um comentário:

  1. Mudar as mentes de quem pensa que trabalhar das 9 às 5 é sinónimo de produtividade. Na realidade, trabalhamos cerca de 40000 horas na vida adulta - devíamos ter escolha de como melhor ocupar essas horas.

    Na Holanda é comum a semana de 4 dias de trabalho, dando espaço a economia secundário (agricultura urbana, arts & crafts, etc), libertando inclusive as empresas para recrutarem pessoas que ficariam no desemprego, ou que têm tempo livre disponível

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