Para começar a partilha, transcrevo alguns parágrafos de um livro que andei a ler e que me foi/está a ser muito útil. O livro é da autoria do Mário Cordeiro, um conhecido Pediatra e especialista em Saúde Pública. Deixo aqui a referência e aconselho vivamente uma espreitadela no livro:
Cordeiro, Mário (2006). O Grande Livro do Bebé. O Primeiro Ano de Vida. Lisboa: A Esfera dos Livros
A higiene dos olhos
“A limpeza dos olhos deve ser feita com soro fisiológico, numa compressa (uma para cada olho) e no sentido nariz-orelha. Embora em muitas maternidades se aconselhe o contrário, os pais verão que não faz sentido estar a “pegar” nas secreções na ponta externa do olho e empurra-las, compactando-as, para o sítio onde, precisamente, não deve haver “engarrafamentos”. Talvez por isso tantos bebés tenham conjuntivite.”
Limpeza do nariz
“o nariz do bebé é extremamente sensível. Vem preparado para um ar que não é o nosso (sem poluição, com temperaturas e humidades naturais, sem ares condicionados e aquecimentos…enfim, uma realidade de há muitos milhares de anos…), e por isso, até se adaptar, fica inflamado e com secreções. (…)
Comunicação
“É pois necessário contemplação – uma mistura, afinal, de tempo, disponibilidade, tranquilidade e pôr de parte outras prioridades e problemas. Quando se contempla, sabe-se quando se começa mas não se sabe quando termina - a contemplação exige um fluxo e refluxo de sensações, de momentos de actividade e outros de reflexão, de maturação, de “parada-resposta”. Quando se contempla não se pode estar a ser interrompido ou incomodado, seja por visitas, seja por telemóveis a tocar freneticamente. Mas só assim será possível os pais entenderem o seu bebé e vice-versa, numa intensa comunicação que se faz com os cinco sentidos, mas também – e principalmente -, com a alma e com os sentimentos e afectos.”
Desenvolvimento
Por volta das 6 semanas:
-começa a sorrir
- responde à face humana, expressando agrado
- tem uma visão nítida, já focalizada, que permite, por exemplo, olhar com alguma atenção para os mobiles colocados sobre o berço
- reconhece a voz e o cheiro dos pais
- deita a língua de fora depois de ver os pais fazerem o mesmo
- além do choro, emite uma série de sons que equivalem a expressões emocionais, para além de “rosnar”, suspirar, etc.
- consegue levantar a cabeça alinhada com o corpo, quando antes a tinha em baixo
- quando puxado a sentar, o pescoço faz esforço para manter a cabeça direita e consegue, por momentos
- quando se deita de costas flecte as pernas e os braços
- se se segurar pelo ventre, de barriga para baixo, faz um grande esforço para se endireitar
- ainda não tem a motricidade fina desenvolvida – não procura segurar em objectos
- fica quieto se os pais produzirem um som prolongado
Choro
“Muitos pais referem que, por volta das 3 semanas de vida, o bebé começa a ficar muito agitado, o corpo contorce-se, arrota várias vezes, fica encarnado, o choro é de irritação e chega a ficar inconsolável. Depois adormece, às vezes ao fim de muito tempo, e até parece dormir melhor.
Quando este fenómeno não corresponde a fome ou desconforto – toda a postura do bebé é muito diferente -, deve-se deixar chorar, no máximo 10-15 minutos, estando ao pé dele, consolando-o, mas deixando-o descarregar o stresse que acumulou”
“Há uma tentação muito grande de apelidar de “cólicas” todos os momentos incompreensíveis (para nós) de choro do bebé. Estas dores podem ser provocadas por ar no ontestino, resultante de uma ingestão exagerada e/ou de uma má saída do ar engolido, nos bebés que arrotam mal.
(…)Por outro lado, acredita-se também que parte destas “dores” possam ser de origem psicossomática, ou seja, uma maneira de o bebé expressar o stressse do nascimento e de todas as emoções e experiências das primeiras semanas…Para a sanidade mental do bebé, é conveniente que ele descarregue o seu stresse. Contrariar pode ser contraproducente.”
E para finalizar, um conselho…
“Podemos educar com inteligência, com reflexão e com persistência. Com convicção e com valores. Distinguindo o que é essencial do que é acessório. Não tendo medo das crianças mas sabendo compreender os seus motivos e as suas razões. Escutando-as mas habituando-as a escutar. Decidindo sem medo, mesmo que as desagrademos, quando chegar o momento de o fazer.”