Estou a chegar da creche.
O primeiro dia dele. O nosso primeiro dia!
A creche não estava nos nossos planos mas, porque nem sempre a vida corre como esperamos, tivemos que recorrer a ela como recurso para os cuidados do pequenino.
Para nós, o desenvolvimento do pequenino não carecia de creches. Não estava nos nossos planos colocá-lo entre 4 paredes, numa ditadura de rituais e num aglomerado de ruídos e de desorganizações. Não o desejava-mos porque, para nós, é essencial cultivar relações próximas, meios de interacção um-a-um, experiências livres de rituais, afectos priveligiados...
Nesta fase em que conhecemos algumas creches assustou-nos o reduzido espaço dos locais e o tratamento impessoal. Também devo dizer que nos agradou o esforço para promover o desenvolvimento do bebé, assim como a experiência também única que proporciona (relação com outros bebés, outros estímulos, outras experiências).
Aceitamos, portanto!
Mas hoje, no regresso, a minha cabeça não parava.
As rotinas ditatorias a que todos têm de obedecer faz-me especial confusão. Quem manda nas rotinas é o relógio biológico e não a ordenação das tarefas! O corpo do pequenino sempre soube pedir quando estava cansado e precisava de dormir. Nunca precisou das badaladas de um qualquer relógio que anunciava a demandada geral.
O resultado dessas rotinas? Não dormiu de manhã (como SEMPRE fez), dormiu a sesta e agora que o fui buscar, pronta a ir brincar com ele (já tinha planeado ir apanhar raios de sol), estava cheio de sono (sim, porque não dormiu de manhã). De tal forma que agora está a dormir, porque as senhoras donas rotinas assim o impõem!
Alguns dirão que estou a ser exagerada...respeito! Mas, para mim, a maternidade tem-me ensinado que o pulsar da Natureza a tudo dá a sua ordem e a tudo organiza. Acredito que é por ser fiel a esta ideia que as coisas têm sido tranquilas. Não sei como tolerar, agora, que outros (a quem pago) venham desequilibrar o equilíbrio.
Sonho a realidade deste post...mas temo isto ser utopia. Então, por enquanto, vou guerreando interiormente enquanto construo uma forma de resolver isto externamente.
Para responder à pergunta do título...crecher até podia ser, desde que as creches fossem outras realidades. Realidades mais íntimas, mais humanas, mais pensadas nos bebés e não nos adultos, com números de bebés MUITO mais pequenos, com a promoção da relação pais-bebé, com maior contacto com a natureza, com...com...com...tantas outras coisas que me fazem sonhar!
Se alguém com maior relação de tréguas com a creche me quiser dar algum palpite, agradeço!